21 novembro 2006

Não tenho a intenção com este texto de trazer soluções e nem dar lições de moral, mas quantas vezes não deixamos de olhar para os lados?
A foto foi retirada do fotolog www.fotolog.com/fogo_no_cano confiram é espetacular, fotos de João Schubert (obrigada João por ceder a foto).
Bjuz a todos...

Invisível

Nachali Dvulatk

Descia pela Rua do Rosário apressada a chegar em casa. Mais um dia exaustivo havia se passado, com fome e cansada não queria nem olhar para os lados. Quando passei pela praça Barão do Rio Branco fui parada pelo Pastor que todos os dias esta ali e incrivelmente sempre me para, parece que me persegue. Livrei-me dele e continuei andando.
Mais a frente já avistava os catadores de papel, que ali se reúnem para voltarem as suas casas. Sempre que passo por eles diminuo o ritmo. Os conheço de longe, mas sempre observo se estão todos ali e se as crianças continuavam a acompanhar os país. Odeio a situação daquelas crianças, me doe o coração vê-las sempre de longe observando o parquinho que tem ali, mas nunca entram. Foi assim que olhei para o parquinho e enxerguei aquele homem encolhido como um animal. O vi por entre as grades que separam o lazer das crianças ricas, dos filhos dos catadores. Agachado em cima de seus cobertores me olhava através delas. Estranhou ao perceber que eu o observava, afinal todos que passavam por ali não o viam. Agachado parecia ser invisível aos olhos daquela sociedade.
Quando ameacei me aproximar ele olhou para o lado, fingiu que não me via e assim me dizia pra não chegar perto. Fiquei inquieta, mas logo vi um dos taxistas se aproximar com uma laranja na mão que entregou para ele por cima daquelas grades verdes. Ali ele ficou, comendo com gana talvez a única refeição do dia. E eu fui pra casa, com a imagem de um homem preso à miséria recebendo comida como se fosse um cão, através das grades de sua prisão.

7 Comments:

At 6:24 AM, Blogger Mercuryo said...

Muito, muito bom o texto amor!!! Vc sempre sensível a humanidade.. Muito boa a visão do homem preso em sua miséria e a analogia das grades. As vezes eu penso em ajudar mas acho q me falta bondade.

De qq forma lembro de um texto chamado O Bicho que tb ilustra bem essa situação assim como uma música de Gabriel o Pensador chamada O Resto do Mundo , claro q seu texto é diferente.. ele é mais próximo, sensível e rico de detalhes.. nos transporta para a situação.

Bjs meu amor


“Por quê que eu nasci?
Por quê tô aqui?
Um penetra nesse inferno sem lugar pra fugir
Vivo na solidão mas não tenho privacidade
E não conheço a sensação de ter um lar de verdade
Eu sei que eu não tenho ninguém pra dividir o barraco comigo
Mas eu queria morar numa favela amigo
Eu queria morar numa favela”
O Resto do Mundo – Gabriel o Pensador

 
At 11:53 AM, Anonymous Anônimo said...

Parabéns mulher!
Muito bom o texto...
Sucesso aê!
Super beijo!

 
At 9:35 AM, Anonymous Anônimo said...

Oi Na!
Bacana o blog; especialmente o design do Mercúrio. (Há tempos não falo com ele!)

Quanto ao texto, gosto de como você produz as idéias... Você sempre com essa dicotomia amor-magia e homem-realidade.

Ah, e o fotolog citado é realmente ótimo!

Saudades, eternamente.
Beijos

 
At 9:37 AM, Anonymous Anônimo said...

Mercuryo, Mercuryo...
(corrigindo, rs)

Abração, poeta!

 
At 8:52 PM, Anonymous Anônimo said...

Oi Nach !


Muito bom o blog, li quase tudo.


Esse texto ficou fenomenal, muito bom mesmo.


Abracos.

 
At 1:55 PM, Blogger Nachali said...

OI pessoal...
fico muito feliz que vcs tenham gostado deste texto, fiz com dor no coração e não sabem como me senti inútil perante a cena...
mas a todos beijinhos....
e continuem acompanhando
te amo Gatinho...

 
At 12:54 AM, Anonymous Anônimo said...

Lamentavelmente é assim a nossa sociedade. Os poucos q realmente veem a situação de mtos como esse pobre homem,tem seus esforços em vão, pq poucos e raros como essa pessoa se mobilizam para ajudar, restando apenas fzr o q tem a seu alcance.

 

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